quinta-feira, 3 de maio de 2007

"O Retrato de Dorian Gray"




No livro “O retrato de Dorian Gray”, Oscar Wilde conta a história de um jovem aristocrata inglês, cuja aparência é de real beleza que um pintor, amigo de Dorian, decide eternizá-la numa pintura. Dorian, ao observar o retrato, se entristece e diz: “- Que tristeza! Vou ficar velho, e horrível, e medonho. Mas este retrato permanecerá eternamente jovem. Precisamente como neste dia de Junho. Se pudesse dar-se o inverso! Ser eu eternamente jovem e o retrato envelhecer! Daria tudo para que isso acontecesse! Tudo o que há no mundo! Daria a própria alma!”
O pedido é atendido e, embora o jovem passe a levar uma vida devassa, seus excessos de todo tipo não lhe marcam o rosto, mas aparecem no retrato, que é a imagem de sua alma.
Dorian Gray tem muito a ensinar para a nossa sociedade, que vive de aparências. Principalmente a grande mídia, que sofre com a síndrome de Dorian Gray.
Ela se mantêm imaculada em sua aparência, enquanto seus princípios, infelizmente, são desvirtuados do caminho ético. Seu aspecto exterior, sempre maquiado pela “imparcialidade”, é ilusório, pois ela toma bandeiras para defender seus interesses. Interesses que estão acima do leitor, seu verdadeiro patrão.
Falta a democracia aos meios de comunicação. Nas questões políticas, por exemplo, tudo que é tratado só se relaciona entre PT e PSDB. É raro se ouvir falar de outros partidos políticos na imprensa. A pergunta que fica: por quê?
O mesmo vale para os jogos de futebol. Só os grandes times tem vez e voz na tela das televisões. Os pequenos são relegados a segundo plano.
O papel da imprensa é dar voz aos excluídos ou simplesmente servir de reprodutora fiel dos grandes capitais? A imprensa não deveria ser pluralista? Afinal, o que a grande mídia deve defender: seus interesses ou o direito de informação da sociedade?
A imprensa Dorian Gray só vive de aparências. Logo, estará fadada a assassinar sua alma ao perceber sua verdadeira face. O que falta é seguir o código de ética jornalística e lutar pela verdadeira democracia, pelo direito de informação e pela soberania nacional.

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